Fragata “Liberal” se desloca em águas chilenas para Operação “Unitas LXV”
Navios da Marinha do Brasil e das Armadas do Chile e Argentina realizam exercícios durante a travessia para a área marítima onde ocorrerá a operação
Por Capitão-Tenente (RM2-T) Luciana Almeida
Por Capitão-Tenente (RM2-T) Luciana Almeida
A Fragata “Liberal”, da Marinha do Brasil (MB), com aeronave AH-11B “Super Lynx” embarcada, está a caminho de Valparaiso, no Chile, onde será realizada a Operação “Unitas LXV”, que consiste em exercícios militares com as Marinhas da Argentina, Chile, Colômbia, México, Equador, Estados Unidos da América, Reino Unido e Peru. O navio desatracou do porto chileno de Punta Arenas no dia 25, onde fez parada logística, após o encerramento da Operação “Fraterno”, realizada com a Armada da Argentina.
No início do deslocamento, a “Liberal” realizou uma “PASSEX” com o Navio-Patrulha Oceânico (OPV) “Marinero Fuentealba”. O exercício ocorre quando navios de diferentes Marinhas navegam pela mesma região e as suas rotas permitem a realização de adestramentos de forma conjunta. Na ocasião, o convés de voo (convoo) do navio chileno teve a oportunidade de receber a aeronave da MB, em um exercício que é conhecido como crossdeck. Dessa forma, os pilotos brasileiros puderam verificar in loco as peculiaridades de pouso a bordo daquele navio, que poderia ocorrer em uma eventual necessidade operativa
Aeronave da Marinha do Brasil AH-11B se aproximando para o pouso no convoo do navio chileno – Imagem: Capitão de Corveta (T) Gadelha/Marinha do Brasil
Durante o trânsito nos canais chilenos, a Fragata “Liberal” se encontrou com a Fragata Classe Duke tipo 23 “Lynch”, da Armada do Chile, e o Contratorpedeiro Classe Meko 360 “Sarandi”, da Armada da República da Argentina, para iniciar uma sequência de exercícios conjuntos.
Fragata “Lynch” (Chile), Contratorpedeiro “Sarandi” (Argentina) e Fragata “Liberal” (Brasil) em trânsito nos canais chilenos – Imagem: Primeiro-Tenente Ighor/Marinha do Brasil
Na ocasião, as aeronaves embarcadas no navio brasileiro e argentino puderam sobrevoar e pousar no convés de voo de todos os navios participantes, bem como transportar militares dos três países que embarcaram nos demais navios para realizar um intercâmbio. Os militares que embarcam em navios de outros países são chamados de Shipriders. Além de serem empregados para facilitar a comunicação e a cooperação entre os navios, eles também têm a oportunidade de compartilhar conhecimentos técnicos e experiências, aprendendo práticas e procedimentos do navio onde embarcam.
Os três navios ainda realizaram uma manobra de aproximação simultânea a curta distância. O evento permite o treinamento da manutenção da posição entre os navios enquanto navegam, adotando o mesmo rumo e velocidade. “Esses exercícios, que simulam manobras para a transferência de material e pessoal entre navios no mar, envolvem perícia, pois exigem que os navios naveguem muito próximos, o que requer o acompanhamento atento da equipe de manobra durante toda a ação”, explicou o Comandante da Fragata “Liberal”, o Capitão de Fragata Rogério Diniz. O comandante explica ainda que essas manobras devem ser realizadas no menor tempo possível, “para que os navios envolvidos não se tornem alvos vulneráveis a um possível ataque, visto que estarão com seus movimentos restritos”.
A 65a edição da “Unitas”, que será realizada de 2 a 11 de setembro, contemplará a formação de uma Força Naval multinacional entre as Marinhas participantes, para operarem em apoio mútuo, no contexto de uma operação anfíbia, que projeta o poder vindo do mar para terra. “Os exercícios, que acontecerão em águas jurisdicionais chilenas, visam a contribuir para o incremento da interoperabilidade dos meios da Esquadra brasileira e das demais Marinhas, bem como promover a cooperação e o estreitamento de laços de amizade entre as Forças Navais desses países”, destacou o Comandante do Grupo-Tarefa da comissão, o Contra-Almirante Nelson Leite, Comandante da 1ª Divisão da Esquadra brasileira.
Os três navios também participaram de uma Parada Naval (um desfile dos meios navais) nas proximidades da cidade de Viña del Mar e da Baía de Valparaíso, no Chile. É um evento tradicional realizado no mar ou em portos, no qual um grupamento de navios em formatura apresenta a capacidade operacional e a integração das forças navais. Este tipo de evento visa demonstrar o poderio naval e a prontidão das unidades, e também pode ser realizado para celebrar datas comemorativas ou homenagear instituições e personalidades. As paradas navais ainda destacam a importância estratégica e simbólica de uma Marinha, reforçando seu compromisso com a segurança e a soberania de suas nações.
Parada Naval na orla de Valparaiso (Chile) – Imagem: Capitão-Tenente Ciampi/Marinha do Brasil
Canais chilenos
O navio de guerra brasileiro entrou no Estreito de Magalhães pelo seu acesso oriental, recepcionado pelo Navio-Patrulha Oceânico chileno “Marinero Fuentealba”. Após uma parada logística em Punta Arenas, a Fragata brasileira demandou os canais chilenos propriamente ditos, situados ao longo da costa sul do país. Oferecendo uma rota de navegação diferenciada, sob condições meteorológicas instáveis e canais estreitos e sinuosos, há necessidade de navegar em águas restritas por praticamente todo o trânsito, motivo pelo qual a Fragata “Liberal” recebeu, a bordo, o auxílio de oficiais chilenos acostumados com a região. “Essa rota nos permite, além de evitar os mares revoltos do Oceano Pacífico, ter uma navegação espetacular, com cenários de picos nevados e uma natureza única”, disse o Almirante Nelson Leite.
Vista da asa de boreste (direita) do Passadiço da Fragata “Liberal” nos canais chilenos – Imagem: Primeiro-Tenente Ighor/Marinha do Brasil
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Fonte: Agência Marinha de Notícias
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